10.10.09

I'm a jamaican in New York

Faz hoje um ano que desembarquei em Bruxelas. A esta hora, já tinha mais de uma hora de voo e estava muito nervoso. Era a primeira vez que voava sozinho, ainda para mais sabia que tão cedo não poderia voltar a Portugal.
Deixei grande parte da família (porque o resto vive por estas bandas), os amigos, a minha cidade, tudo ficou para trás. Durante dois meses, trabalhei em Eindhoven (Holanda) durante a semana e passei alguns fins-de-semana em Antwerpen (Bélgica), entre a casa do meu pai e a da minha tia. Para alguns, a minha viagem foi um acto de cobardia e bla bla bla mas gostava de os ver passar por algumas situações que passei, e por momentos de solidão que só quem está sozinho fora do país compreende. Hoje tenho tudo muito mais facilitado. Mudei-me para Antwerpen, tenho uma relação feliz com a pessoa mais maravilhosa deste mundo, trabalho com o meu pai, tio e primo, a minha tia mora por cima, e entretanto trouxe a minha mãe e o meu irmão para cá. Hoje sinto-me me casa. Faltam algumas pessoas mas, eu já vivia antes delas entrarem na minha vida. E sinceramente não me arrependo de nada. Lutei para ter aquilo que me faz sentir feliz e não tenho qualquer tipo de vergonha em sublinhar que trabalho numa ETAR, e que muitas vezes preciso usar galochas de borracha para proteger os pés de lamas biológicas a que eu, carinhosamente chamo merda. Mas essas galochas já possibilitaram não deixar faltar nada à minha mãe no primeiro mês que cá esteve (que conseguiu trabalho em regime efectivo - graças à Joana e à sua família - e que no dia 1 de Novembro vai morar para a sua própria casinha), nem tão pouco ao meu irmão que se está a integrar muitíssimo bem numa escola belga onde aprende diariamente o holandês.
Confesso que me acho subvalorizado no meu trabalho e que consigo bem melhor mas, também sei que não abracei a carreira de alma e coração e que esta é apenas uma fase de transição até que me sinta realizado. De qualquer forma, para mim, a realização profissional é secundária. Já trabalho há alguns anos em coisas que não gosto e a única vez que me fui abaixo foi quando fiquei desempregado. Tenho espírito de sacrifício. Há quem não o tenha.
Feita a nota comemorativa do primeiro ano fora de Portugal, e do breve resumo do que isto tem sido, peço que fiquem atentos aos próximos posts. Ainda não decidi qual a regularidade com que actualizarei esta coisa, depois aperceber-se-ão...

3 comments:

  1. Pois é, já lá vai um ano em que entrámos nas orgias.
    Admiro a garra que tiveste para mudar de rumo sozinho, o que passaste, as dificuldades.
    Lembro-me do drama amoroso! Foda-se!
    Foi bom conhecer-te(vos) ainda que, virtualmente (ainda)!

    Bjs e abraços, eu vou passando

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  2. Parabens pela forca de vontade. Eu também andei seis meses nas limpezas de retretes at'e arranjar trabalho na minha 'area (eng. inf.). Melhores dias hão-de vir, vais ver.
    E também não me arrependo de nada,devia ter vindo era mais cedo.
    E quanto 'a cobardia, essa 'e de quem se deixa ficar sempre na mesma vidinha e sempre a resmungar baixinho, mas 'e cobarde demais para mudar.
    S'o eu e a Tia Maria, a minha esposa, 'e que sabemos o que custou. Que tudo te corra bem.
    Cumprimentos da terra das tulipas.

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  3. Quando as pessoas nao querem entender, nao vale a pena perder tempo a explicar né amor?
    Falsos amigos e pessoas que so olham para si, sem darem oportunidade aos outros de expor a sua opiniao existem aos molhes.
    Faz agora um ano que te conheci, mas como dissemos logo "porra, parece que nos conhecemos ha anos". Eu acredito que te conheço melhor do que muita gente. E acredito que tudo isto é so o inicio. Porque juntos vamos conseguir tudo o que queremos ;)
    Amo-te e bendito dia 10 de Outubro que te trouxe para mim :)

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